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Perdas patrimoniais de empresas gaúchas podem chegar a R$10 bilhões em razão das enchentes
Publicado em 20/05/2024 18:26
Rio Grande do Sul

Análise que considera número de CNPJs nos 46 municípios que declararam estado de calamidade pública prevê um prejuízo maior | Foto: Patrique Lopes / MetSul / CP

Empresas gaúchas acumulam até R$10 bilhões em perdas em perdas patrimoniais em razão das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul desde o fim de abril. O número considera o prejuízos com a perda de estoque, maquinário, mobiliário, instalações, entre outros. Os valores são apontados em estudo preliminar realizado pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (Fecomércio-RS), que também estima uma perda de R$40 bilhões para o Estado, aproximadamente 5% do PIB anual.

A avaliação da entidade traz dois recortes da crise enquanto às perdas. Em um primeiro cenário, considerando o número de CNPJs, entre matrizes e filiais, concentrados nos 46 municípios que declararam estado de calamidade pública, as perdas avaliadas são maiores. A Fecomércio calcula que 10% dos dos mais de 660 mil CNPJs ativos tenham sido diretamente afetados pelas enchentes, somando 66 mil estabelecimentos empresariais impactados (54,5 mil do comércio de bens e serviços). Nessa análise, as perdas patrimoniais chegam a cerca de R$10 bilhões, sendo R$8 bilhões referentes a comércio e serviços.

Em segundo momento, análises feitas com base em imagens de satélites prevê que cerca de 33 mil estabelecimentos foram diretamente afetados pelos alagamentos nos setores de comércio, serviços e indústria, com uma perda de ativos calculada em R$5 bilhões. O levantamento não inclui micro e pequenas empresas que funcionam em domicílios residenciais, nem municípios que sofreram maior impacto de enxurrada do que de alagamentos.

Juntos, os 46 municípios que permanecem com o estado calamidade pública decretado concentram 41,6% do PIB gaúcho total. Sendo 41,5% do PIB da indústria e 50,6% do PIB do setor de comércio e serviços gaúcho. Nessas cidades estão 42,6% dos CNPJs ativos do Estado e 48,3% dos empregos. Empresas do setor de comércio e serviços são maioria e os estabelecimentos comerciais foram penalizados de forma acentuada em virtude do Dia das Mães, data comemorativa de tradicional incremento nas vendas.

A Fecomércio alega ainda que mesmo aquelas empresas que não foram atingidas diretamente pela enchente, também sentem os impactos da crise. Algumas ficaram sem insumos essenciais, como água e energia elétrica ou tiveram a logística para recebimento de matéria-prima, mercadorias ou prestação de serviços prejudicada devido aos problemas causados à infraestrutura. Outras tantas foram prejudicadas pela redução de demanda. Por esses motivos, a entidade estima a perda de PIB de cerca de R$40 bilhões.

“Olhando pelo aspecto econômico, essas são empresas que fazem a nossa economia girar, que geram milhares de empregos e que precisam, mais que nunca, de apoio. Temos trabalhado, neste sentido, por diversas medidas junto às esferas municipais, estadual e federal. Elas objetivam que as organizações consigam sobreviver ao período em que estiverem com suas receitas interrompidas ou prejudicadas, e que, logo, possam retomar suas atividades”, comenta o presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn.

Entre medidas pleiteadas pela federação para mitigar os efeitos econômicos gerados pela tragédia climática estão a prorrogação de tributos e da entrega de declarações, isenção total de ICMS para as empresas mais afetadas, possibilidade de suspensão de contratos de trabalho com garantia de benefício emergencial aos trabalhadores, autorização para aplicação de banco de horas e aproveitamento de feriados nos períodos em que as empresas estejam fechadas, linhas de crédito facilitadas para recomposição de capital produtivo e estoques, dentre outras.

 

Correiodopovo

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