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Há mortes que parecem encerrar uma era. A de Robert Redford é uma delas. Aos 89 anos, ele se despede deixando para trás não apenas uma filmografia brilhante, mas um ideal de cinema que marcou gerações.
Redford era mais que um ator – era um símbolo. O sorriso carismático, o olhar tranquilo e a presença elegante faziam dele um astro raro: aquele que parecia caber em qualquer história, mas que nunca se reduzia a uma celebridade qualquer. Ele foi o cowboy divertido de Butch Cassidy and the Sundance Kid, o vigarista charmoso de Golpe de Mestre, o repórter obstinado de Todos os Homens do Presidente. Em cada papel, havia uma combinação única de leveza e profundidade.
Mas talvez a maior beleza de Redford tenha sido fora das telas. Quando poderia simplesmente viver do prestígio e da fortuna que conquistou, ele decidiu devolver ao cinema tudo o que havia recebido. Criou o Sundance Institute e o festival que mudou para sempre o cinema independente. Ali, jovens cineastas encontraram não apenas espaço para exibir seus filmes, mas também uma voz.
Sua morte nos faz revisitar não só sua obra, mas também a época em que ir ao cinema era um evento, em que os filmes eram conversas coletivas sobre o mundo. Redford representava essa era dourada, quando as histórias eram maiores que os efeitos especiais, e os atores, maiores que a própria fama.
Hoje, sua ausência é sentida como a de um velho amigo que sempre esteve lá para nos lembrar que o cinema pode ser arte, resistência e beleza ao mesmo tempo. É impossível não sentir saudade de um tempo em que ele estava na tela, nos ensinando – com um sorriso discreto – que o herói pode ser vulnerável, que o charme pode ser aliado da inteligência e que o cinema pode, sim, mudar o mundo.
Adeus, Redford. O mundo ficou um pouco mais silencioso sem você, mas suas histórias continuam nos iluminando no escuro da sala de cinema.